Canudos para sempre!

Canudos para Sempre

A saga de Canudos me acompanha desde o ensino médio quando fui apresentada a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, em 2004 ainda como professora do Colégio de Aplicação Ages tive o prazer de conhecer Canudos, fiquei apaixonada porque conhecer a história do beato Conselheiro de perto é diferente, assim o tema “Conselheiro e Canudos” fez parte da minha vida acadêmica, na época cursando Letras, até os dias atuais. As visitas continuaram, agora com alunos da Escola Municipal Maria Dias Trindade, em 2010 (Projeto Uma Releitura sobre a Guerra de Canudos em HQs), em 2012 (Projeto Conselheiro e a Guerra de Canudos) e 2018 (Projeto Canudos e Paripiranga: terras dos Conselheiros), cada visita é ímpar, me preenche de tal forma, parafraseando Sócrates “Só sei que nada sei”, quanta riqueza meu amigo, João Batista.

Foi uma benção conseguir o contato do guia João Batista, graças a uma amiga da Faculdade Ages, Antônia Maria, que mora em Olindina, e tem parentes em Canudos que me passou o seu contato. Quando conseguimos conversar agendamos a data do passeio, vimos também sobre o melhor roteiro no curto espaço de tempo que tínhamos, menos de 08 horas para conhecer tanta coisa... “super guia de Canudos” foi assim que alguns alunos descreveu o guia nos textos sobre a viagem, justificando que era visível seu amor pela história de Canudos e graças a ele muitos fizeram uma viagem ao passado, e também pensaram no futuro sobre a preservação das ruinas da igreja e do PEC, da importância de manter o açude limpo para atender a população das cidades que precisam de suas águas, além de contagiar os 5 alunos que não foram pro passeio.

Antes de conhecer o PEC preciso citar a visita ao Memorial Antônio Conselheiro, pois tivemos o contato com plantas da flora da região e duas, em especial, chamou a atenção de todos a favela, por dar origem as organizações dos morros no Rio de Janeiro e do canudo-de-pito que vem nomear a antiga Belo Monte, por Canudos, o monumento presente no Jardim Euclidiano em homenagem aos vencidos trouxe essa temática para nossas discussões em sala de aula “Os vencidos também merecem um lugar na história” (José Calasans). Sem contar nas salas que tinham expostos restos arqueológicos da guerra para muitos era a primeira vez que conheciam um museu, então a história ganhava sentido e parecia que tudo era real, sem contos de fadas. E tocar nas madeiras centenárias que tinham sido compradas por Conselheiro, o estopim da guerra... sem palavras! A história é envolvente,

Sobre o Ponto de Conforto no Parque Estadual de Canudos, o guia JB precisava saber que aquela música do Pe. Enoque Oliveira foi a mais ouvida/cantada por quase dois meses pelos cantos da escola, a fascinação pelas fotos dos sobreviventes estampadas naqueles painéis no parque e suas histórias. Todos encantados!

Como não falar do açude de Cocorobó...

Aquele mundo de água apagou parte da história de Canudos, mas deu vida a profecia do Conselheiro “O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão”, via nos olhos de cada aluno a angústia de saber que muitas famílias tiveram que abandonar seu lar e sua terra, para dar vida ao sertão.

Graças a Deus foi tudo perfeito, o papel do guia não foi apenas repassar fatos de uma guerra que estava nos livros, mas sim de encantá-los com a história de seu povo, logo com tanto acesso ao conhecimento e quando se trata de História, sofremos um pouco, por aqui dizem que “Quem gosta de passado é museu”, então, carregava comigo o desafio de visitar um lugar histórico e que a turma fosse tocada e João Batista conseguiu, com seu carisma trouxe as memórias dos sobreviventes da guerra o que conquistou a atenção de todos, a história oral é a voz das pessoas simples.

Por isso, fica aqui a nossa gratidão ao guia JB, pela atenção e simplicidade que tratava a todos, lembrando que sua missão naquela manhã de sábado (19 de maio) era complicada, pois tinha uma turma heterogênea com professores/pesquisadores da UNEB e UFBA, e alunos do 9º do Ensino Fundamental II, meu caro, você emocionou a todos, profissional sábio que ama sua história, tenho certeza que se desejar lecionar será um brilhante professor.

Eu, particularmente, como pesquisadora e apaixonada pela história de Canudos fiquei em êxtase quando estivemos nas ruinas da igreja de Canudos... sensação indescritível, realmente estava dentro de um livro de História, num momento de silêncio e solidão fiz uma oração em memória dos sertanejos e do nosso bom Conselheiro que perderam suas vidas no massacre de Canudos, o açude acalma a alma...

Só para não esquecer do ilustre jornalista Euclides da Cunha responsável pelos registros da guerra “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

Canudos Resiste!

Graças aos historiadores, guias turísticos, comunidade, professores e alunos...

Novembro de 2018

Maria Leide dos Santos

Graduada em História pela Unit

Graduada em Língua Portuguesa/Literaturas pela UniAges
Professora da Escola Municipal Maria Dias Trindade